CÂMARA DOS VEREADORES.

O Clima Esquenta na Câmara dos Vereadores de Eugenópolis MG.

SEGUNDA PARTE DA REUNIÃO DO DIA 05/08/2014

8º REUNIÃO DA CÂMARA DOS VEREADORES DE EUGENÓPOLIS.

1º PARTE NUM TOTAL DE 3 PARTES. 

SOU EUGENOPOLENSE DE RAIZ

    Sou eugenopolense de raiz. Meus pais são daqui e, apesar de eu ter saido do município há alguns anos para estudar e trabalhar, sempre procurei participar da vida política da minha cidade.

Na infância, vi dois partidos se revezarem no poder. Uma briga que eu não compreendia bem e na qual eu me  posicionava de acordo com a musiquinha de campanha mais  "chiclete" e com o candidato que ficasse mais bonito na foto do "santinho".

Depois, já na adolescência, fui influenciada pela opinião política da minha família que, até então, votava desde sempre em um mesmo partido.

Na juventude, trabalhando em uma confecção daqui e decidada a cursar uma faculdade, comecei a entender na prática o que devia e podia (ou não) esperar de alguém que ocupasse a cadeira de prefeito. Me lembro bem de, naquele ano, ter ouvido de uma pessoa que assessorava o prefeito eleito: "ônibus pra faculdade? me poupe, Juliana. Eugenópolis precisa que vocês fiquem aqui, trabalhando e fortalecendo nossas confecções. A cidade vive disso e sua família também! Faculdade é coisa de rico, se não pode pagar o ônibus, não faça."

Ali, na sala do prefeito, senti que estávamos perdidos pois o revezamento de poder dos dois partidos (para não ser chamada de leviana por dizer de dois "sobrenomes"), provavelmente não acabaria tão cedo.

Saí da prefeitura pensando no que fazer e a única saída que me vinha à mente era um abaixo assinado etre os estudantes para tentar fazer alguma pressão no prefeito que naquele dia sequer me recebeu para conversar.

Não funcionou. As respostas eram as mesmas: "Essa é uma guerra perdida, Juliana"!  E por algum tempo eles tiveram razão.

Bem, mesmo assim, mesmo sendo pobre, me formei. Me tornei assistente social e, um pouco antes disso, já me metia em tudo que é discussão política (em todos os seus sentidos), principalmente em redes sociais e com a juventude. Porém, aqui em Eugenópolis, essas discussões e debates só eram profundas nos almoços de domingo, na casa do meu pai aqui no seminário.

Sempre senti um pouco de receio em falar sobe política aqui porque até então só via mobilização em tempos de eleição, onde ganhava o bicho que tivesse a boca maior, a calda maior, a língua maior. Ficava pensando que os bordões criados aqui nos períodos entre agosto e outubro dos anos eleitorais deviam virar um livro, onde seus significados dariam boas piadas. Cheguei a catalogar alguns deles mas desisti quando percebi que com isso não se brinca. Sentia falta de ver o povo mobilizado também nos outros três anos, lutando por seus DIREITOS e não apenas por suas legendas.

Continuei debatendo política nas redes sociais, fui fazer trabalhos com alguns deputados, em Movimentos Sociais, trabalhando no campo da Política Pública de Assistência Social e, nessas muitas voltas, recentemente, ouvi falar sobre a tal obra da escola que já tinha se iniciado bem aqui, ao lado da casa do meus pais.

Fiquei intrigada, me perguntando o quê de todo esse "bafafá" era verdade e o que era apenas "intriga da oposição".

Como boa internauta que sou, fui pras redes sociais e perguntei. Pouca gente respondeu. Vim a Eugenópolis no final de semana e perguntei. Quase ninguém sabia e as informações chegavam confusas.

O jeito seria fazer o correto: participar da reunião na Câmara, onde os vereadores decidiriam sobre a liberação ou embargo da obra. Na ocasião, votariam o projeto que está na boca do povo há semanas, mas que ninguém sabia ao certo em que pé está.

Sobre o resultado da votação, imagino que não preciso discorrer. Mas faço questão e me sinto  feliz em falar sobre o que presenciei na Câmara Municipal de Eugenópolis no dia de hoje.

Assisti a um verdadeiro show por parte dos vereadores que não apenas votaram contra essa obra que me parece absurdas, mas se posicionaram a nosso favor afirmando que se essa briga não tiver sido encerrada hoje, continuarão a nos apoiar em todo e qualquer protesto que viermos a fazer. Teve discurso pomposo, teve discurso humilde. Teve discurso que evocou a CONSTITUIÇÃO FEDERAL e outro que relembrou os tempos de juventude, ocasião em que, no nosso campinho, foi feito o primeiro gol de sua carreira de jogador quase profissional!

Mas o mais bonito dessa noite de 20 de maio de 2014 foi a presença do povo naquela Casa que é nossa! Todos os lugares ocupados, muita gente de pé e todos ali, com o objetivo único de participar e fazer valer seu direito de cidadão.

Não percebi opiniões divididas mas creio que se houvessem nossa voz de moradores que vivem à beira do Rio Gavião seria ouvida. Havia um clamor no ar que ultrapassava a questão política partidária ou o jogo de interesse que sempre permeia essas discussões. Vi meus amigos, vizinhos e familiares reunidos ali para defenderem um interesse que é de todos e não cabiam questionamentos sobre posição política na última eleição.

A reunião de hoje, de alguma maneira me remeteu àquele ano em que saí da presença daquele assessor de cabeça baixa, pensando quando o povo entenderia que o prefeito (seja ele quem for) não pode fazer da prefeitura a cozinha de sua casa, onde decisões são tomadas sem um mínimo de responsabilidade ou de maneira arbitrária.

Talvez um pouco atrasado mas não tardiamente o povo de Eugenópolis fez valer a sua voz e, apenas com sua presença hoje esbravejou naquela sessão: Essa cidade é nossa. Essa prefeitura e essa Câmara também!!

 

Parabéns por esse dia, Eugenópolis! Amanhã vou embora com mais certeza ainda de que aqui é meu lugar!

Matéria: Juliana Cunha